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A LUZ QUE ROMPEU A ESCURIDÃO

Atualizado: 11 de mar.

Desde cedo, trilhei um caminho permeado por desafios e aprendizados profundos. Guiado pelas vivências com meu pai, cujo espírito era por vezes rude e agressivo, compreendi a necessidade de transcender as sombras do passado.



A harmonia não era a tônica de nosso convívio. Nosso lar era, muitas vezes, tomado pela violência, onde o medo permeava cada recanto. Até que um dia, a vida o levou para além do plano terreno de forma súbita e inesperada. Uma partida que, de certa forma, trouxe alívio aos corações marcados por tantos dissabores.


Ele, um homem de férrea determinação, nem sempre soube expressar seus sentimentos. Bruto por fora, carregava em si um universo de complexidades que o levavam a se expressar de forma distorcida, trazendo-nos cicatrizes visíveis e outras tantas, invisíveis.


Após sua partida, o amparo material tornou-se escasso, e nos vimos dependentes da solidariedade dos poucos amigos e familiares que compartilhavam conosco a jornada. Minha mãe, com resignação, tornou-se diarista, dedicando-se a lares alheios para prover nosso sustento. E assim, enfrentamos a fome juntos, eu e meus irmãos, tornando-nos baluartes uns aos outros.


A presença de minha mãe era a luz que guiava nossos passos, seu amor incondicional sustentando-nos nos momentos de maior aflição. Aos 63 anos, ela deixou o plano terreno, e seu vulto luminoso foi um farol em meio à escuridão que senti em seu adeus.

Aos 45 anos, sem a expectativa de constituir minha própria família, continuei ao lado dela até o meu próprio desencarne, aos 59 anos. Foi uma transição repentina, sem dor, um despertar para uma nova realidade espiritual, onde fui acolhido por sua presença radiante.

Nossos espíritos uniram-se, e sob sua orientação, adentrei os mistérios da vida espiritual. Descobri que meu pai vagava pelas sombras, aprisionado por suas próprias aflições e culpas, incapaz de vislumbrar a luz que sempre esteve ao seu alcance.


Tentei resgatá-lo, mas suas feridas eram profundas, seus pensamentos um labirinto de tormentos. Hoje, ele reconhece seus equívocos, mas ainda hesita em aceitar o perdão que lhe é ofertado, pois ignora que Deus é amor, livre de ressentimentos.


Deus compreende que somos todos filhos e criações suas, mesmo quando nos perdemos em trevas autoimpostas. Basta um vislumbre de autoaceitação para abrir os olhos à luz, e anseio estar presente nesse momento.


Em nossos corações, não há espaço para ódio, mágoa ou rancor. Compreendemos que cada passo da jornada é uma lição necessária, e desejamos, com amor e compaixão, que ele desperte para a verdade que sempre esteve à sua espera.


A fé, a esperança e a certeza de um reencontro guiado pela luz nos sustentam. Em breve, estaremos todos reunidos novamente, prontos para uma nova jornada na Terra, fortalecidos e lapidados pelas experiências do passado.


Que esta narrativa ecoe profundamente em seu coração. Que nela encontre a inspiração para compreender o poder do perdão, inclusive o perdão a si mesmo. Que o amor próprio e a fé em Deus prevaleçam sobre quaisquer sombras, pois assim, sua consciência se abrirá para a essência mais pura da existência. Continue a aprender e evoluir, pois é assim que honramos a dádiva da vida.


Que Deus o abençoe ricamente.


NAVEGANTES DA ESPIRITUALIDADE

(Relato Espiritual)

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