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AMOR E DESAPEGO: UMA HISTÓRIA ALÉM DA VIDA

Atualizado: 18 de dez. de 2023

Era um lindo sábado de sol e eu estava aproveitando em casa com minha família.


Estávamos confraternizando e curtindo muito aquele momento feliz com bastante alegria.



Minha esposa estava ao meu lado e meus dois filhos com suas namoradas, cantavam e dançavam. Tudo estava indo muito bem e nós ríamos muito com as palhaçadas que eles faziam.


Nada poderia estragar aquele dia. Era o que pensávamos naquele momento.


Por um instante, fiquei pensativo e fitando minha família. Havíamos passado por muita coisa difícil juntos, mas a vida havia sorrido para nós e hoje, tínhamos uma vida boa e confortável.


Não erámos ricos, mas tínhamos uma boa casa, carro, bons salários e vivíamos muito bem. Os meninos já estavam formados na faculdade e iniciavam sua jornada profissional no mercado de trabalho, já encaminhados em suas áreas. Tudo havia dado certo e não tínhamos do que reclamar.


Eu e minha esposa, sempre fomos muito parceiros. Resolvíamos tudo juntos e a vida nos brindou com os resultados das nossas boas escolhas. Crescemos e aprendemos muito um com o outro. Constituímos uma linda família que nos dava muito orgulho.


Porém, nem tudo é como a gente quer. E, naquele dia de alegria, no final da tarde, depois de tudo que vivemos, após o banho que tomei para me deitar e assistir um bom filme com minha esposa, comecei a me sentir estranho e passei mal.


O primeiro sintoma foi o cansaço extremo, mas consegui chegar, ainda que fraco a minha cama. Chamei a atenção da minha esposa e disse que não estava me sentindo bem, meu braço começou com um formigamento estranho e passei a sentir uma falta de ar.


Pedi que chamasse meus filhos, pois eu precisava ser levado ao hospital mais próximo com urgência. Minha esposa correu e eles vieram em seguida. Eu já estava muito fraco e com muita dificuldade para respirar.


Me levaram até o meu carro, me colocaram no branco de trás com minha esposa e saíram com muita agilidade para o hospital. Durante o trajeto senti que minhas forças estavam acabando e encostado no colo da minha esposa, olhei no fundo dos seus olhos e com muito carinho disse: “Eu te amarei para sempre, meu amor”.


Essas foram minhas últimas palavras, pois apaguei e não vi mais nada.


Ela se desesperou, pediu para acelerarem o carro e chegaram ao hospital, mas eu já não tinha mais vida. Foi um infarto fulminante que me levou ao desencarne.


Quando eu despertei, abri meus olhos e percebi que eu estava em uma sala iluminada e fria. Eu sentia aquele frio e mesmo confuso resolvi me levantar. Sentei-me e percebi que estava em uma maca.


Olhei ao redor e só tinha eu. Sentia-me tonto e muito estranho, com uma sensação nunca antes experimentada. Coloquei minhas pernas para o lado e me levantei. Fiquei em pé e passei a observar tudo ao redor. Minha visão estava esquisita, não consigo explicar como, mas não era normal.


Observei em volta e, quando meus olhos alcançaram a maca na qual eu estava deitado, o impacto foi tão grande que quase desmaiei. Vi meu corpo sem vida na mesma posição em que eu estava deitado.


Inicialmente, pensei que talvez estivesse sonhando, mas logo percebi que não era o caso. Eu tinha algum conhecimento sobre espiritualidade e espiritismo, mesmo que superficialmente. Já havia lido alguns livros e artigos sobre a morte e a passagem do espírito.


Eu sabia que meu espírito estava vivo e livre do corpo, e senti uma tristeza profunda e avassaladora quando percebi que havia desencarnado e deixado minha amada família para trás.

Fiquei ao lado do meu corpo por horas. Acompanhei todo o processo de preparação para o velório e o enterro. Não entendia exatamente como aquilo era possível, mas também não quis investigar naquele momento, pois estava intimamente envolvido com a situação e me mantive afastado de tudo o mais.

Presenciei o momento em que minha esposa, com a ajuda da minha irmã, trocou minhas roupas, chorando e relembrando o dia que tivemos juntos. Minha esposa repetiu várias vezes como estávamos felizes e realizados com a vida que levávamos. Minha irmã ouvia atentamente, mas não dizia uma palavra, não conseguia abrir a boca. Ela sempre foi muito apegada a mim.


Assisti enquanto me colocavam em um caixão de madeira escolhido por minha esposa, com a ajuda dos meus filhos. Acompanhei meu corpo até o velório e pude observar tudo.


Muitas pessoas vieram, amigos e familiares com os quais eu não tinha contato há muito tempo. Pessoas que eu amava fortemente, mas que, devido às escolhas da vida, havia perdido a relação há muitos anos.

A maioria chorava intensamente, demonstrando grande tristeza, mas o que me marcou foi a demonstração de carinho e afeto das pessoas por mim e minha família. Eu não imaginava que era tão amado e admirado assim.


Eu passava perto das pessoas e ouvia seus comentários positivos ao meu respeito, elogios e boas lembranças do passado. Foi muito reconfortante sentir a energia positiva das pessoas e as orações que vinham do coração, que me acalentaram naquele momento de tanta tristeza.


Eu, particularmente, durante aquele momento de dor intensa. Oscilava entre chorar de tristeza pelo apego que tinha à vida e minha família, e tentar consolar minha esposa e filhos.


Eu os abraçava, beijava e acariciava seus cabelos, mas eles não sentiam nada. Somente em um determinado momento, minha esposa, parecendo ter sentido minha presença, chorou com mais intensidade e foi levada para fora da sala.


No entanto, apesar de ser um velório com muitas pessoas, sentia-se um ambiente leve e elevado. As pessoas estavam tristes, mas sem desespero ou palavras pesadas. Apenas orações, boas lembranças e vibrações positivas sendo direcionadas a mim.


Depois, soube que isso foi crucial para que eu tivesse a sustentação necessária para permanecer ativo e consciente naquele momento.


O tempo passou, chamaram um padre para fazer uma oração. Essa parte foi muito bonita, pois logo após a oração, meu filho mais velho fez um pequeno discurso que me fez chorar muito, demonstrando todo seu amor, carinho e admiração pelo homem que fui. Isso marcou minha passagem para o plano espiritual.


Ao final, após o triste enterro, meus amigos e familiares foram se despedindo e eu permaneci próximo à minha esposa, que estava amparada por nossos filhos.


Acompanhei-os até a saída do cemitério e, ao chegar à porta, ouvi uma voz dizendo: "Acho que chegou a hora de partir".


Fiquei assustado, pois até então, apesar de ser um espírito em um cemitério, não havia visto nem percebido a presença de outros seres desencarnados.


Essa pessoa parecia bondosa e amigável. Prestei atenção e fui até ela, deixando minha família partir. Rapidamente, ela me explicou que aquele era o momento da despedida, mas em breve eu poderia voltar para vê-los. Explicou também que, naquela ocasião, se eu fosse com eles para casa, só traria desconforto e perturbação.


No fundo, eu sabia que era verdade, e com muita tristeza olhei para eles, que estavam a alguns metros de distância, e me despedi com muito amor e carinho, dizendo que os amava.


No mesmo instante, como se sentisse minha despedida, minha esposa parou, virou-se na direção do cemitério e disse em voz alta: "Fique com Deus, meu amor. Eu vou, mas eu volto para ficar com você." E partiu.


Foi lindo! Senti seu amor e a verdade em suas palavras. Aceitei o convite daquele amigo, que na verdade era um socorrista que trabalhava naquele lugar, e fui levado diretamente para uma colônia espiritual próxima à cidade onde eu morava.


Hoje, depois de alguns anos após minha morte, sinto-me bem e já visitei minha família algumas vezes. Meus filhos já se casaram e formaram suas próprias famílias, e minha esposa mora sozinha em nossa casa. Ela está com idade avançada e logo se juntará a mim. Conversamos muito em sonhos e aguardamos ansiosamente por esse momento.


Meu objetivo ao relatar minha história é deixar uma mensagem para quem está lendo.

Não perca a oportunidade de abraçar, conviver e celebrar com aqueles que você ama.

Não desperdice a oportunidade de estar em família e vivenciar as coisas do mundo que realmente importam.


Jamais deixe de dizer que ama aqueles a quem nutre sentimentos de amor e carinho.


Fui muito feliz ao lado de minha esposa e filhos, mas sei que, em determinadas oportunidades, escolhi viver outras coisas do mundo das quais hoje me arrependo. Os momentos que não foram vividos não serão mais, e hoje, o que mais me recordo são dos bons momentos que vivemos juntos. Os outros momentos que vivi sem eles não têm relevância em minha memória.


Sei que cumpri minha missão como marido e pai de família, mas ao mesmo tempo, tenho consciência de que poderia ter vivido mais com eles. Pois, quando reflito sobre a vida que tive, as lembranças das ocasiões em família são as que mais mexem comigo e enchem meu coração de alegria.


Portanto, você que leu essa mensagem, reflita sobre isso e avalie se está aproveitando plenamente esses momentos, pois a vida é efêmera e todos nós estamos na fila para deixar este mundo, embora não saibamos em que posição nos encontramos.


Você pode estar muito longe de deixar o corpo, mas pode ser o próximo. Não deixe de viver, aproveitar os momentos em família, fazer o que realmente importa e ser feliz, pois a felicidade está onde menos esperamos.


Tudo que passei após meu desencarne foi por reflexo e merecimento do que eu vivi e das escolhas que fiz. O carinho e o amor que senti, são provas disso.


Saiba que, toda experiência tem um propósito. Valorize a presença daqueles que ama, pois a vida é passageira. Ame intensamente, perdoe generosamente e viva plenamente cada momento. O verdadeiro legado é construído por atos de amor e conexão.


Faça escolhas conscientes e deixe um rastro de bondade por onde passar. Seja a luz que ilumina o caminho dos outros.


Que a paz de Deus esteja sempre presente em sua vida.


NAVEGANTES DA ESPIRITUALIDADE

(Relato Espiritual)


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