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ESCOLHAS E CONSEQUÊNCIAS: UM RELATO DE TRANSFORMAÇÃO

Atualizado: 19 de jun.

Eu vivia como uma selvagem. Não tinha pudor nem qualquer tipo de senso crítico em relação às minhas atitudes. Fazia o que tinha vontade e para aqueles que me acompanhavam na vida terrena, eu era uma pessoa incontrolável.


Escolhas e consequências

Tinha obsessão pela liberdade e me achava dona do meu próprio nariz. Não respeitava meus pais e tinha poucos amigos, pois mantinha perto de mim apenas aqueles dos quais eu poderia extrair o que quisesse.


Saía somente com aqueles que eram omissos em relação aos meus desejos, aqueles que puxavam meu saco e faziam de tudo para me agradar. Era tratada como rainha, pois sabia proporcionar aquilo que todos queriam: sexo, álcool e entorpecentes.


Como tinha pais ricos e fracos em relação a mim, meu dinheiro era infinito. Tinha dinheiro para fazer tudo o que tinha vontade, comprar tudo o que queria e viver na orgia de segunda a segunda, caso esse fosse o meu desejo.


Bebia, comia e me drogava com todos os tipos de droga, além de transar com quem queria a hora que quisesse, sem jamais me proteger. Graças a Deus, jamais engravidei, pois acredito que seria uma péssima mãe.


Contudo, todos os meus excessos e a vida que eu levava me levaram a um triste fim. Certo dia, conversando com uma amiga sobre homens e nossas aventuras, fomos bebendo e nos drogando. A conversa foi longa, lembrávamos de nossas orgias e gargalhávamos, querendo mostrar uma para outra o quanto sabíamos usar os homens. Nossas intenções jamais foram nos apaixonar, mas sim experimentar, conquistar e iludir. Os homens gostam de mulheres como nós.


Todavia, como para tudo na nossa vida, existem escolhas e consequências.


Neste dia, enquanto estávamos passando esse momento juntas, por volta das quatro da manhã, senti uma pontada forte no peito. No momento da dor, soltei meu copo de bebida, que se espatifou no chão. Minha amiga, já embriagada e entorpecida pela droga, ficou assustada e correu para buscar um copo de água para mim. A vi se levantando e indo em direção à cozinha; depois disso, tudo ficou escuro e não a vi mais.


Desencarnei naquele momento com um infarto fulminante. Tudo aconteceu tão repentinamente. Nunca havia sentido nenhum sintoma, foi de uma vez. Meu coração parou e minha vida física se encerrou.


Quando despertei no mundo espiritual, que nem acreditava que existia, sentia que ainda estava sob o efeito das drogas e do álcool. Estava vendo e sentindo coisas que só poderiam ser alucinações. Não sabia que havia desencarnado, então acreditava que estava alucinando.


Acordei em um ambiente escuro, trevoso, lamacento, cheio de morros e valas. Via fogo, árvores secas, poças de água suja onde pessoas se acotovelavam para tomar um pouco. Fiquei deitada por alguns instantes, tentando entender tudo aquilo, acreditando que ainda estava viva. Em meus pensamentos, repetia: "Nossa! Que brisa é essa. Nunca senti nada assim. Espero que isso passe logo."


Não fiquei desesperada porque já havia passado por brisas ruins antes, mas essa, com certeza, era a pior. Meu peito ainda doía e eu comprimia a região do coração. É interessante que, mesmo após nosso desencarne, podemos ter a sensação de que nosso coração continua batendo.


Após um longo tempo, percebendo que aquela sensação não passava, resolvi me levantar e sentar. Que situação horrível. Dor, tristeza, lamentação, choro, gritos angustiantes, perseguidores que xingavam, batiam e maltratavam outros.


Em uma dessas confusões, percebi um homem jovem sendo espancado por um grupo de seis espíritos. Batiam muito nele e diziam: 'Passamos muito tempo aqui esperando por você, seu assassino. Você acabou com nossas vidas materiais e nós iremos acabar com sua vida espiritual. Faremos você sofrer pela eternidade."


Fiquei bem confusa, pois não entendia bem o que eles queriam dizer. Parecia que eles estavam dizendo que o homem havia assassinado eles e que estavam esperando ele morrer para se vingarem.


Que coisa maluca, pensei. Essa brisa deles é pior que a minha.


Na verdade, tudo aquilo era real. Estávamos todos mortos, mas como eu era cética e ignorante sobre a existência da espiritualidade e lugares como aquele, demorei muito tempo para entender.


Certo dia, enquanto vagava pelas sombras, assustada e com medo, imaginando que aquele tormento estava demorando demais para passar, encontrei um senhor com aspecto de mendigo. Ele tinha um olhar sereno, mas também aparentava estar em sofrimento.


Por algum motivo, senti que poderia confiar naquele homem. Ele fedia e, mesmo sentindo repulsa, me aproximei.


Minha primeira pergunta foi: 'O que estamos fazendo aqui?' No início, achei que poderia ser uma brisa louca, depois passei a pensar que estava dormindo e que tudo não passava de um pesadelo, mas como é interminável, estou começando a duvidar se tudo não é mesmo real.


O homem, percebendo minha repulsa e a forma como eu, ainda um pouco distante, olhava para ele, respondeu sarcasticamente: 'Você morreu, princesa. Estamos todos mortos aqui nesse inferno.'


Gelei naquele momento. Minhas pernas bambearam e senti um calafrio imenso percorrer meu corpo. Tentei desconversar, chamei-o de louco e saí de perto dele, pensando como aquele homem era estranho e por que parei para falar com ele.


No entanto, aquilo mexeu comigo. Sentei em uma pedra e minha mente começou a me trazer lembranças de conversas que tive com amigos em nossas rodas, enquanto bebíamos e nos drogávamos. Ouvi muitas coisas sobre vida após a morte, espiritualidade, inferno, purgatório, umbral e tudo isso que estava vivendo, mas como eu mandava e todos obedeciam, eu mandava parar com esses assuntos que me incomodavam.


Porém, ao lembrar de tudo, fui percebendo o que havia acontecido. Lembrei da noite que senti a dor no peito e quando acordei naquele lugar. Compreendi naquele momento que realmente estava morta em relação à vida física, mas muito viva em relação à vida espiritual. Ela realmente existe.


Revoltada comigo mesma, sofri, lamentei e lembrei de outras vidas, de como fui como pessoa em vidas passadas, do sofrimento que causei aos meus pais nesta última experiência terrena e de todo mal que causei aos outros e a mim mesma. Fui extremamente egoísta, arrogante, prepotente, vaidosa e orgulhosa. Tudo que uma pessoa não deve ser.


Passei anos em sofrimento, pois aceitei o sofrimento como castigo de Deus e acreditei que jamais teria o merecimento de sair daquele lugar.


Com o passar do tempo, a culpa me consumiu drasticamente, e me tornei uma mulher horrível. Meu espírito refletia minhas culpas. Todos que encontrava naquele lugar me julgavam assim como eu me sentia, pois tudo é muito transparente para todos. Era como se não fosse mais possível esconder quem você realmente é. As pessoas eram reflexos do que carregavam dentro de si.


Em determinado momento, o arrependimento começou a tomar conta e eu rogava a Deus, não pela oportunidade de ser salva, mas pela oportunidade de pedir perdão aos meus pais, pois eles não mereciam ter sofrido tanto.


Certo dia, enquanto dormia dentro de uma caverna, onde consegui me esconder de tudo e de todos, inclusive de mim mesma, pois não era possível nem me ver, acordei com um clarão imenso à minha frente, era uma luz que iluminava todo o ambiente. Tive dificuldades para abrir os olhos, mas fui me adaptando e consegui enxergar. Eram meus pais.


Eu não entendia como era possível, mas me levantei e os abracei com tanta força que, se fosse possível, os teria quebrado. Minha mãe estava muito emocionada e meu pai, sorrindo, não largava minha mão.

Em um momento de lucidez, me ajoelhei à frente deles e chorei convulsivamente, aproveitando a oportunidade para pedir perdão. Meu pai, que ainda segurava minha mão, me levantou e olhando nos meus olhos disse que eu estava perdoada e que precisava seguir em frente. Minha mãe me abraçou, acariciou meus cabelos e me disse que estava tudo bem e que dali em diante eu tinha que seguir em frente, pois havia chegado o momento da minha redenção. Eu estava pronta.

Assim que ela disse isso, pude ver mais alguns espíritos atrás deles que eu ainda não havia notado.


Entre eles estavam meus avós por parte de mãe, com quem tive pouco contato porque não os visitava. Minha mãe cobrava isso, mas eu jamais dei importância.


Eles se aproximaram, me abraçaram. Meu avô colocou a mão no topo da minha cabeça e adormeci novamente, sentindo um banho de luz entorpecer meus sentidos.


Quando acordei, já não estava mais naquele lugar. Tinha sido resgatada com o auxílio dos meus pais em desdobramento. Isso mesmo, meus pais não estavam mortos, mas sim, dormindo, e durante o sono puderam me resgatar, pois somente o perdão deles seria capaz de fazer isso.


Que coisa incrível. Só fui aprender sobre essas coisas quando fui resgatada e meus avôs me explicaram tudo.


Hoje moro com eles em uma colônia espiritual chamada Santa Bárbara. Uma casinha simples comparada ao luxo que eu tinha na Terra, mas extremamente gostosa e aconchegante. A vida aqui é muito diferente da que eu tinha, mas minha felicidade é muito maior, porque aqui aprendo tudo sobre a vida espiritual.


Com todo esse aprendizado e compreensão sobre a espiritualidade, entendo a oportunidade que desperdicei na Terra e sinto que irá demorar para ter outra. Meus pais ainda estão vivos. Estou há vinte anos no plano espiritual, sendo que passei oito anos naquele lugar de sofrimento. Uns chamam de Umbral, outros de inferno ou purgatório, depende do conhecimento de cada um.


Sinto-me viva, saudável e livre dos vícios. Estudo e trabalho nas câmaras de retificação, um lugar onde cuidamos dos recém-chegados da vida física. Gosto do que faço. Isso trabalha minha humildade, para que eu me livre das chagas que ainda carrego em meu espírito.


Recebi a oportunidade de narrar minha história porque em meu coração está clara a vontade de ajudar aqueles que ainda caminham na escuridão da ignorância na vida física, assim como eu caminhei.


Todos os prazeres da vida são gostosos e viciantes, mas não valem a pena quando chegamos do outro lado. Esses prazeres em excesso consomem nosso tempo de vida e prejudicam nosso corpo espiritual. Cheguei aqui no plano astral cheia de marcas escuras, que apontavam em meu corpo astral todos os órgãos do meu corpo físico que destruí pelos meus vícios. Essas marcas demoraram muito para sumirem, pois tinham que me lembrar o quanto mal me fiz e o que acabou com meu corpo físico.


A vida física é uma oportunidade de aprimoramento e aprendizado. Nosso corpo precisa ser mais valorizado. Os vícios, excessos e sentimentos destrutivos como a raiva, rancor, culpa, ódio e tantos outros minam nossa vida física, destroem nosso corpo e causam enfermidades.


Que você, ao ler minha história, possa fazer uma reflexão sobre o que anda fazendo. Reflita se o que você faz pode causar alguma doença ao seu corpo. Pense se os sentimentos que anda carregando e nutrindo em seu coração podem fazer mau a você ou aos outros, pois isso pode estar te prejudicando.


Cuide de seus pensamentos, pois eles são criação. Essas criações atraem para sua vida tudo aquilo que você vem nutrindo em sua mente e jogando para o universo. A vida é complexa, mas bem vivida pode render muitos frutos no seu futuro.


Não se perca em si mesmo. Não permita que as coisas fúteis do mundo transformem seu ser para pior. Aproveite a vida de forma positiva, seja positivo, acredite em si mesmo, mude aquilo que precisa ser modificado e faça a diferença de forma positiva na vida das pessoas. Você será recompensado pelo bem que faz. Sua consciência espiritual irá agradecer e se orgulhar de você amanhã.


Acredite! Eu vivi o lado ruim da vida de forma intensa e hoje tenho propriedade para dizer que não vale a pena.


Entenda qual é e viva o lado bom da vida. Você só tem a ganhar.

 

NAVEGANTES DA ESPIRITUALIDADE (Relato Espiritual)

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