Nutrindo um sentimento de culpa e arrependimento, acabei em um lugar terrível de dor e sofrimento após minha morte. Sentia uma tristeza avassaladora que consumia meu espírito, enquanto ouvia apenas choro, gritos e gemidos de dor em um ambiente sombrio e frio.
Todos que estavam lá vibravam com a mesma energia. Sofriam por suas falhas e remorsos que assombravam suas almas. Alguns carregavam em suas memórias crimes cruéis como assassinatos e estupros, enquanto outros carregavam o peso de extorsões, chantagens e traições.
Havia muitos que, assim como eu, carregavam culpas e remorsos menos prejudiciais a outras pessoas, mas, dada a evolução espiritual, pesavam mais do que assassinatos e outros crimes mais densos e marcantes.
A culpa é um sentimento muito complexo. Para algumas pessoas, o que eu fiz não justificava estar naquela situação por tanto tempo, enquanto para outros, era considerado um erro grave contra a lei do progresso, mas que poderia ser reparado.
Diretamente, não causei sofrimento a ninguém no mundo e nunca tirei a vida de alguém. Nem mesmo animais eu matava. No entanto, sinto que morri em vida ao deixar de cumprir com minhas obrigações, responsabilidades e propósitos.
Tive uma vida muito confortável, graças à minha coragem, determinação e escolhas. Em certos momentos, até mesmo desfrutei de luxos. Mas, por outro lado, nunca fiz o bem a ninguém.
Pelo contrário, o bem que eu fazia era apenas para mim mesmo, proporcionando-me boas experiências materiais que me traziam alegrias momentâneas. Cumpri minhas obrigações como marido, pai e filho, sem deixar minha família desamparada, mas isso era o mínimo que eu deveria ter feito.
Não convivi com ninguém que me causasse problemas a ponto de considerá-los um fardo ou uma expiação. Meus pais ficaram doentes e logo faleceram, meus filhos foram bem criados e encaminhados na vida como boas pessoas, graças também ao empenho da minha amada esposa.
Ela sim era uma pessoa muito boa e iluminada, agindo dessa forma com todos, sem fazer distinção. Eu me limitei a viver no meu próprio mundo, construído por mim mesmo, que me proporcionava o conforto que eu achava que merecia. Possuía muitos bens materiais e soube usufruir de tudo que conquistei.
Me dediquei muito, e no fim, tive uma vida muito boa e invejada. E ainda assim, não fiz nada pelos outros. Conheço histórias de pessoas que fizeram muito com menos recursos materiais ou até mesmo nenhum, apenas com a vontade e disposição de fazer o bem sem olhar a quem.
Sempre fui inteligente e saudável, e me considerava um homem de fé. Gostava de estudar sobre espiritualidade, mas mesmo com todo o conhecimento, jamais coloquei em prática o que via minha esposa fazendo e compartilhando com meus irmãos o que Deus me havia confiado.
Quando Deus confia bens materiais a você, é porque Ele considera você responsável o suficiente para dar exemplo de desprendimento e bondade, compartilhando com seus irmãos. A riqueza é uma das provações mais difíceis que enfrentamos na Terra. Quando somos pobres, sonhamos em ter dinheiro e ajudar os necessitados, mas quando ficamos ricos, evitamos aqueles que precisam de auxílio. Assim é o ser humano.
Eu aproveitei minha riqueza para meu próprio benefício. É lamentável ter vivido dessa forma, pois não despertei quando poderia e acabei sofrendo as consequências de meus atos.
Passei muito tempo no Umbral, expiando as consequências de minhas falhas. No início, senti-me vítima da vida e de um Deus punitivo que enviava Seus filhos ao inferno do sofrimento, mas depois, com maior compreensão e aprendizado sobre a vida, percebi que o errado sempre fui eu e que eu era o responsável por estar naquela situação vexatória de sofrimento.
Expiando, só me libertei quando entendi o verdadeiro significado da vida: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Esse ensinamento dado por Jesus resume o nosso propósito de vida. Se amarmos a Deus e nos mantivermos conectados a Ele, seremos mais felizes, fortes, confiantes, conscientes, resignados e resilientes. Se amarmos os outros como a nós mesmos, veremos nossos semelhantes como irmãos e jamais deixaremos de ajudar aqueles que cruzarem nosso caminho necessitando de auxílio.
Hoje, quis compartilhar meu testemunho para que você, leitor, possa despertar para o verdadeiro sentido da vida. Entenda que é dando que se recebe, e por mais que você acredite que não pode fazer nada por alguém, afirmo que você está enganado. Sempre somos capazes de prestar auxílio e praticar a caridade, seja com dinheiro, um abraço sincero, uma palavra gentil ou apenas atenção.
As pessoas necessitam de atenção. Muitas vezes, ao desabafar com alguém disposto a ouvir, encontramos a melhor solução.
Que você desperte o dom de amar, algo inerente a todo ser humano. Que a partir de agora, você faça a diferença, tornando-se um ser humano melhor, evoluído, iluminado e comprometido com o bem, o amor e a caridade.
Tenha certeza de que a sensação de vazio que você tem sentido em seu coração irá desaparecer. Você terá descoberto o verdadeiro propósito da vida. Seja útil e bom para os outros, para que a vida e o universo sejam igualmente bons para você.
Como eu já disse: é dando que se recebe, e quando ajudamos alguém, somos os maiores beneficiados.
NAVEGANTES DA ESPIRITUALIDADE.
Relato Espiritual
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