Em uma de minhas vidas anteriores, vivi uma experiência marcante que me ensinou muito.
Eu estava enfermo e internado em um hospital, próximo ao final de minha recuperação e prestes a receber alta para voltar para casa, quando tive um encontro especial durante minha caminhada matinal pelos corredores.
Encontrei um homem enquanto ambos percorríamos o corredor, já que tínhamos restrições para ir mais longe. Nosso diálogo começou com um simples aceno de cabeça e um amigável "bom dia".
Ele percebeu minha simpatia e o sorriso em meu rosto, o que o fez parar e me fazer uma pergunta engraçada.
"Está indo comprar pães?" - Ele me perguntou.
Eu não entendi a pergunta e balancei a cabeça confuso, demonstrando que não.
Ele riu e me disse:
"Neste exato momento, se eu estivesse na minha casa, estaria indo comprar pães."
"Agora eu entendi" - respondi, dando um leve sorriso e parando para conversar.
Eu lhe perguntei quanto tempo ele estava naquele hospital e ele disse que há mais de um mês. Fiquei surpreso e perguntei se ele já tinha expectativa de alta, e ele meneou a cabeça dizendo que não, mostrando certa tristeza no olhar.
Depois me disse com muita angústia:
"Acredito que não saio mais deste hospital."
Contive minha curiosidade em saber o que ele tinha e disse que ele não deveria pensar assim, pois logo todos nós estaríamos em casa.
Ele continuou falando e, sem que eu perguntasse, me contou que tinha uma cirurgia marcada para a tarde daquele mesmo dia. Seria feito nele um procedimento no coração. Não era nada grave, mas ele estava com medo, pois tinha a impressão de que não sairia da sala de cirurgia com vida.
Tentei tranquilizá-lo, dizendo que era normal sentir medo, mas que o procedimento seria um sucesso e que em poucos dias ele teria alta. Ele, com lágrimas nos olhos, balançou a cabeça positivamente e saiu andando sem dizer mais nenhuma palavra.
Fiquei preocupado com aquele senhor e passei o dia inteiro pensando nele, torcendo para que o procedimento desse certo e eu pudesse falar com ele mais uma vez.
Já estava até imaginando o que iria dizer quando o encontrasse: "Não disse. Deu tudo certo. Agora é só se recuperar e voltar para casa."
No final do dia, por volta das 18 horas, fui até a auxiliar que ficava na recepção do meu andar perguntar qual era o quarto daquele senhor, pois tinha a intenção de visitá-lo.
A auxiliar que me atendeu me questionou se eu era amigo ou parente do senhor, ao que respondi que não, mas que apenas o tinha conhecido naquela manhã enquanto estávamos caminhando.
Ela, com muita tristeza no olhar, me disse que ele havia falecido naquela mesma tarde e que sua esposa e filhos haviam acabado de tomar conhecimento da notícia.
Nossa! Fiquei sem chão. Eu havia conhecido e conversado com aquele senhor na manhã daquele mesmo dia e à noite ele estava morto.
Fiquei perplexo e perturbado, refletindo sobre a fragilidade da vida e a bênção que era estar vivo depois de passar dias internado por uma doença tão grave da qual eu havia conquistado a cura.
Não fazia sentido para mim, naquele momento, a morte daquele senhor. Como ele sabia que morreria? O que ele havia sentido?
Essas eram perguntas para as quais eu não obteria respostas.
Passei a noite acordado e aquele golpe me fez refletir profundamente sobre a vida e sua fragilidade. Estamos aqui, vivos agora, mas não podemos garantir nosso estado daqui a cinco minutos.
Você já parou para pensar sobre isso?
Creio que todos deveríamos contemplar mais frequentemente a ideia da morte, pois isso nos levará a valorizar mais a vida e aquilo que realmente importa.
Muitas vezes desperdiçamos tempo precioso com trivialidades, deixando escapar oportunidades diárias e momentâneas de crescimento e aprendizado, na ilusão de que a morte não nos afetará tão cedo.
No entanto, por que adotar essa perspectiva se todos os dias milhares de pessoas partem deste mundo, muitas vezes por motivos banais ou imprevisíveis?
É crucial considerar a finitude da vida, pois enquanto estivermos aqui, estamos sujeitos a ela, assim como as pessoas que amamos e que estão ao nosso redor.
Devemos agradecer a Deus todos os dias pela chance de estarmos vivos. Afinal, a qualquer momento podemos fechar os olhos e não abri-los mais.
Vamos aproveitar a vida e tudo que ela nos oferece. É importante valorizar nossa família, amigos e todos que estão conosco nessa jornada de crescimento.
Somos abençoados por estarmos vivos e devemos aproveitar essa dádiva concedida por Deus. Ele espera que busquemos constantemente a luz para dissipar a escuridão que ainda habita em nós, seus filhos.
E você, o que está fazendo nesse sentido?
Corra, pois a sua hora pode estar chegando, e você poderá partir sem aproveitar essa grande oportunidade. Nosso destino é moldado por nossas escolhas.
Assim como esse Sr. você pode desencarnar hoje. Será que ele partiu em paz ou carregava consigo sentimentos negativos e destrutivos?
Se isso acontecer com você hoje, qual bagagem você levará?
Que possamos refletir sobre nossas escolhas e prioridades, valorizando cada momento da vida. Que busquemos constantemente a luz para dissipar a escuridão que ainda reside em nós. Não deixemos que o tempo escorra entre os nossos dedos, aproveitemos cada oportunidade para amar, perdoar, crescer e fazer a diferença na vida daqueles que nos rodeiam.
Que possamos partir deste mundo com o coração leve, sem arrependimentos, tendo vivido plenamente e deixado um legado de amor e bondade. Que a nossa jornada seja marcada pela gratidão, pela busca da verdade e pela construção de um mundo melhor. Que possamos partir em paz, sabendo que fizemos o melhor que pudemos e que deixamos um mundo mais luminoso para as gerações futuras.
Que assim seja.
NAVEGANTES DA ESPIRITUALIDADE.
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