Certo dia, numa modesta casinha no sul de Minas Gerais, cravada entre as majestosas montanhas, uma família composta por pai, mãe e dois filhos de 15 e 17 anos, se reuniram à mesa para compartilhar a última refeição do dia.
Após uma prece que emoldurava a singela refeição, o filho mais novo, um espírito inquisitivo e curioso, voltou-se para seus pais e questionou por que no mundo havia tanta abundância para alguns e tanta carência para outros.
O pai, enquanto a mãe servia com gestos carinhosos, respondeu ao filho com a sabedoria que só os anos podem conferir. Explicou que a justiça divina, por vezes, segue um curso misterioso aos olhos humanos, e que para muitos a escassez é uma escolha.
O filho, com olhos ávidos por compreender, rebateu dizendo ao pai que há pessoas que nascem na penúria e não escolheriam esse caminho se pudessem.
O pai, buscando simplificar, compartilhou sua sabedoria, mesmo tendo pleno conhecimento das leis espirituais e divinas. Explicou que, inicialmente, somos moldados pelas escolhas dos pais, mas ao crescer, ao ter um corpo são e uma mente aguçada, tornamo-nos arquitetos do nosso próprio destino, capazes de proporcionar uma vida diferente para a família.
O filho, por sua vez, inquieto, vislumbrou um futuro marcado por desafios, temendo que o ambiente áspero que o rodeava pudesse influenciar negativamente sua jornada.
O pai, com um olhar firme, afirmou que, embora a jornada possa ser árdua, todos aqueles abençoados com saúde e inteligência têm a capacidade de transcender as adversidades. Revelou que é na adversidade que nascem as mais belas realizações.
E assim, as palavras do pai ecoaram na pequena sala, onde a luz suave da lamparina dançava sobre os rostos iluminados pela conversa.
Ele continuou frisando que, assim como aqueles que nascem sob a égide da abundância carregam o fardo das expectativas, também trazem consigo a tentação do abuso do poder.
No entanto, ele enfatizou que não há fórmula pronta. Cada encruzilhada da vida exige uma escolha, e é por meio dessas escolhas que se forja o caminho.
E, enquanto o crepúsculo tingia o horizonte de tons dourados, o pai compartilhou sua própria saga, lembrando como a determinação e o esforço ergueram as paredes da casa que agora os abrigava.
Finalizou, voltando-se diretamente para os filhos, exaltando as oportunidades que a educação e o empenho deles abririam. E, com um olhar repleto de amor e gratidão, lembrou-os da importância de não esquecerem as raízes que os sustentavam.
Agora, você e seu irmão têm todas as condições para trilharem um caminho diferente, com mais prosperidade material. Vocês sempre se dedicaram aos estudos, estão nos últimos anos do colégio, são jovens inteligentes e têm planos de ingressar na faculdade, o que os encaminhará para uma profissão que lhes proporcionará conforto e uma vida mais abundante.
No entanto, nunca se esqueçam de serem gratos a Deus pela vida que têm e de valorizarem os esforços que nós, como família, fizemos para proporcionar uma estrutura melhor e condições diferentes.
Vocês têm o poder de quebrar o ciclo de pobreza que nossa família enfrentou por gerações para simplesmente sobreviver. Mas nunca percam de vista que foram essas pessoas, com muito suor e determinação, que prepararam o terreno que vocês agora trilham.
A decisão é de vocês. O momento está chegando em que poderão caminhar com as próprias pernas e se tornar melhores do que nós fomos, mas lembrem-se sempre de valorizar aqueles que vieram antes de vocês.
O mundo, meus filhos, é um lugar desafiador para viver, mas quem tem raízes fortes possui a força necessária para avançar e prosperar em todas as dimensões. Aproveitem ao máximo essa base sólida e sigam sempre os conselhos dos mais experientes, pois eles aprenderam com a vida e têm a capacidade de guiá-los para que não repitam os mesmos erros.
NAVENGANTES DA ESPIRITUALIDADE.