Certa vez, durante uma das minhas reencarnações, decidi passar por uma prova para resgatar um débito que vinha carregando de outras vidas.
Com muita fé e confiando em meu mentor espiritual, me coloquei diante da prova, certo de que cumpriria minha missão e saldaria um débito que pesava sobre meus ombros, impedindo-me de seguir adiante em meu caminho.
Preparei-me intensamente no plano espiritual e, junto aos meus amigos espirituais, escolhi quando e onde reencarnaria. Com um grande merecimento, optei pelo local e fui recebido por uma família que já tinha um laço afetuoso, respeitoso e de admiração, para retornar e me sentir amparado a fim de cumprir o que havia me comprometido.
Eu, por me sentir em dívida com a vida e com aqueles que prejudiquei em vidas passadas, usando minhas próprias mãos e uma faca, decidi nascer sem os braços, acreditando que assim poderia resgatar meu débito em uma vida mais sofrida e limitada.
Meus pais, mesmo sabendo que eu nasceria sem os membros superiores, apenas com dois toquinhos no lugar dos braços, me acolheram com muito amor e carinho. Desde os primeiros dias após o meu nascimento, dedicaram-se a mim com muita atenção, providenciando tudo o que eu precisava para seguir adiante, amparado pela família.
No entanto, à medida que crescia e adquiria discernimento, percebia que era diferente das outras crianças e começava a me retrair, evitando estar em grupo, inclusive com minha própria família, preferindo sempre ficar sozinho e recluso, para que ninguém me visse.
Meus pais, com amor e paciência, dedicavam a maior parte do seu tempo para estar ao meu lado, conversando e orientando-me, na tentativa de fazer com que eu me sentisse igual às outras crianças. No entanto, eu sabia que não era assim.
O tempo passou e fui ficando cada vez mais isolado, apesar do apoio familiar e da assistência psicológica.
Quando estava prestes a completar quinze anos, depois de muito refletir e decidir o que fazer, não suportando mais a expiação e a prova que eu mesmo havia escolhido, decidi cometer o pior ato possível: atentar contra a minha própria vida.
Dirigi-me à sacada do apartamento onde morava com meus pais e atirei-me do quinto andar, estatelando-me no chão e falecendo instantaneamente.
Meu despertar no plano espiritual foi repentino. Acordei em um lugar sujo, frio e escuro, sentindo-me vivo, sem entender onde estava e ainda acreditando estar vivendo entre os encarnados.
Caminhei pelo escuro, seguindo uma fresta de luz no chão lamacento. Ao alcançar um ponto onde havia um pouco mais de luz, passei por um buraco e vislumbrei o que havia do lado de fora: um lugar extremamente estranho, com um odor ruim, lamacento e aterrorizante, completamente diferente de tudo o que já havia visto.
Percebi também uma multidão de pessoas amontoando-se perto de um ser muito iluminado, com uma roupa clara que destoava completamente do ambiente sombrio.
Este ser pregava sobre os males do suicídio e o sofrimento que não cessa com a morte. Foi nesse momento que entendi que meu ato de tirar a própria vida havia sido consumado, mas ainda não compreendia onde estava.
Conversei com outras pessoas, perdidas e desesperadas como eu, que haviam cometido o suicídio na tentativa de escapar do sofrimento, mas que agora sofriam ainda mais.
Encontrei um homem que havia se matado com um tiro na cabeça, tentando conter o sangue jorrando do ferimento com as próprias mãos. Cruzei com uma jovem que havia se enforcado e lutava para respirar, com marcas de estrangulamento visíveis em seu pescoço. Mais adiante, deparei-me com uma senhora que havia cortado os próprios pulsos e não conseguia parar o sangramento.
Toda essa cena me deixou aterrorizado e desesperado, pois percebi que, mesmo após a morte do corpo físico, ainda estava sem os braços.
Sentado, com a cabeça entre os joelhos, entreguei-me ao choro, atormentado pela má escolha que havia feito. Naquele momento, compreendi que a morte não era o fim e que agora, além de ter a certeza de que a vida continua, havia descoberto da pior maneira possível que o sofrimento não termina com a morte quando decidimos por conta própria interromper nossa jornada terrena, por mais difícil que ela seja.
Moral da História
Não se iluda pensando que o suicídio é a solução. Cometer suicídio é o pior ato que um ser humano pode realizar.
Quando enfrentamos o sofrimento, não é por acaso e nada é injusto. Podem ser consequências de escolhas feitas nesta vida, levando-nos a esse momento de dor, ou débitos de vidas passadas que buscamos saldar nesta oportunidade e estamos fraquejando diante dela.
O sofrimento serve para lapidar o ser e muitas vezes é resultado de nossas escolhas, buscando nosso desenvolvimento espiritual e consequente evolução.
Então, você que está lendo esta mensagem e pensa no suicídio como uma saída, já considerou ou conhece alguém que considera? Compreenda e compartilhe esta questão, pois esse ato pode e deve ser evitado para impedir consequências mais tristes e sofrimentos ainda maiores.
NAVEGANTE DA ESPIRITUALIDADE
RELATO ESPIRITUAL
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